Verônica Aguiar – A Tribuna – 06/12/20
Mar do Estado é rico em espécies nobres, como o badejo, muito usado na moqueca capixaba, mas que está ameaçado de extinção
Cherne, cioba, robalo e papa-terra. O litoral do Estado tem uma biodiversidade marinha rica, literalmente, com espécies em que um único peixe chega a valer R$ 2.280. É o caso do badejo, muito procurado para o preparo da tradicional moqueca capixaba, que chega a pesar 60 quilos — daí o valor alto de um único animal.
O peixeiro João Merlo detalhou que o quilo, comprado no barco, custa de R$ 28 a R$ 38, dependendo do período. “Agora sei que não está barato”, comentou o profissional. O badejo, aliás, está ameaçado de extinção, segundo o analista ambiental do Instituto Chico Mendes (ICMBIO), Nilamon de Oliveira Leite Júnior. Ele frisou que o nome do pescado não se refere a uma espécie única. “Há tipos diferentes de badejo, com carnes que se caracterizam densas, saborosas, leves e com pouca gordura.” Cherne, robalo, garoupa, cioba e papa-terra também são considerados peixes mais nobres. “Pelo menos duas espécies de garoupas estão ameaçadas de extinção, a São Tomé e a Garoupa Verdadeira”, disse o analista, ao explicar que, assim, tanto elas quanto os badejos podem ser pescados, seguindo regras para captura, como tamanho mínimo e período de defeso.
Entre os chernes, duas espécies são ameaçadas. O cherne-poveiro não pode ser capturado, já o cherne verdadeiro pode ser retirado do mar seguindo regras específicas. João Luiz Gasparini, biólogo especialista em peixes, destacou o que leva um peixe a desaparecer: “Depende da espécie, mas basicamente é a contaminação, modificação ou destruição do habitat onde vive, e a pressão de captura demasiada (pesca predatória).”
O Espírito Santo detém o recorde do maior Marlin Azul já pescado no mundo.
Fisgado em 1992, ele pesava 636 quilos e media 4,62 metros de comprimento e 2,48 de diâmetro. Hoje, ele custa em torno de R$ 5 o quilo. Alvo da pesca esportiva, ele não costuma ser usado para consumo, pois sua carne não é das mais saborosas.
A pesca no Estado se divide entre artesanal e industrial. No Sistema Informatizado de Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP) há registro de 1.507 embarcações de pequeno porte no Estado, usadas para a pesca artesanal.
Já na industrial, são 150 embarcações de médio porte em todo o Espírito Santo.
LITORAL CAPIXABA
>O ESPÍRITO SANTO é singular e rico em vida marinha no geral. O litoral capixaba está localizado no encontro de diferentes correntes marinhas com características muito distintas (a Corrente do Brasil – quente, e a Corrente da Argentina – fria) e numa zona geomorfológica também de transição.
Isso garante características mescladas, com peixes das águas mais quentes e peixes de águas mais frias. Além de abundância de peixes oceânicos.
PESCA ARTESANAL
>É UMA PESCA em menor escala, feita com barcos pequenos, em um regime de parceria em que os pescadores dividem a produção. Geralmente, a pesca é feita com ida e volta no mesmo dia. Praticam a pesca de linha, emalhe ou arrasto, por exemplo. As iscas são de peixes, vivos ou mortos, e também isca artificial.
>NO SISTEMA Informatizado de Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP) há registro de que 1.507 são embarcações de pequeno porte no Estado.
PESCA INDUSTRIAL
>SÃO BARCOS que pescam para grandes indústrias de pesca. Configura-se um regime patronal em que o pescador recebe um salário para trabalhar. Geralmente, ficam cerca de 25 dias no mar, fazendo a pesca de linha de seis anzois, emalhe, arrasto, etc. As iscas são de peixes, vivos ou mortos, e também isca artificial.
>PELA LEI, embarcações com Arqueação Bruta (soma de todos os volumes internos da embarcação), acima de 20, são consideradas industriais.
>NO SISTEMA Informatizado de Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP) há 150 embarcações de médio porte, no Estado.