Verônica Aguiar – A Tribuna – 21/02/21
Usando as economias ou dinheiro da rescisão, profissionais que tinham carteira assinada superaram desemprego com o próprio negócio
Perder o emprego em meio a uma pandemia de um vírus mortal vem sendo o divisor de águas para muitos profissionais. Pelo menos 10 mil desses demitidos no Estado usaram o dinheiro da rescisão ou as economias para superar o revés, abrir a própria empresa e dar a volta por cima.
O número foi estimado com base no Relatório Global de Empreendedorismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E pode ser maior, já que o cálculo, feito pelo consultor e professor de empreendedorismo da Faesa, Henrique Hamerski, leva em conta apenas os que trabalhavam de carteira assinada.
Esse foi o caso do empreendedor Jonas Vieira Gomes, 28 anos, que trabalhou sete anos como entregador técnico de carros zero em uma concessionária. Mas, com a pandemia, ele foi desligado. “Sempre dei meu melhor pela empresa, então pensei que poderia fazer isso por mim, ter o meu próprio negócio e dar o meu melhor nele.” Ele começou a vender tênis e criou uma loja virtual no Instagram. “Tem muita gente que vende o que eu vendo, mas meu diferencial é o atendimento”. E seu rendimento triplicou em comparação ao que ganhava quando tinha carteira assinada.
Além daqueles que trabalhavam de carteira assinada, há também os que atuavam como prestadores de serviço (pessoa jurídica), que tiveram de ser reerguer e, com um agravante: sem o dinheiro da rescisão.
Esse foi o caso da empreendedora Kelly da Silva Ramos, 38. Ela era assistente em um restaurante de um shopping em Vila Velha. Com a pandemia, ela foi dispensada. Diante da situação, com o apoio do marido e da filha, resolveu fazer hambúrguer para vender no condomínio onde mora. “Lá, cada um vende uma coisa praticamente. Como não tinha ninguém vendendo hambúrguer, decidi encarar o desafio”, contou.
Ela revelou que fatura mais do que ganhava no restaurante e ainda tem qualidade de vida. Já a empreendedora Cleni da Silva Souza, 47, trabalhava com doces finos e, com a pandemia, perdeu sua fonte de renda já que as festas de casamento e aniversário pararam de acontecer. Então, se adaptou. Cleni começou a fazer kit festa para que as pessoas pudessem comemorar as datas especiais em casa. E para garantir a qualidade dos produtos, ela, que já sabia fazer doce, fez um curso de salgados. “Tive que me reinventar”.
SAIBA MAIS:
INICIATIVA
>OS EMPREENDEDORES normalmente abrem o próprio negócio por necessidade ou por oportunidade.
>NA PANDEMIA, devido ao elevado número de colaboradores que perderam o emprego, especialistas têm apontado que há mais casos de empreendedores por necessidade.
>EMBORA na pandemia muitos negócios tenham fechado as portas, alguns nichos se destacaram atraindo olhares empreendedores. Um dos segmentos que registrou aumento de consumo foi o de doces.
NOVAS EMPRESAS
>DE ACORDO com o Sebrae, foram 73.520 novas empresas abertas no ano passado. Um total de 13 mil a mais em relação ao ano anterior.
>JÁ EM 2019, surgiram 60.545 novas empresas.
>MAS NEM todas as empresas que nascem sobrevivem tempo suficiente para usufruir do sucesso. Muitas delas saem de cena com pouco tempo de operação.
>CERCA DE 23 MIL empresas fecharam no ano passado no Estado. Mas, não são, necessariamente, as mesmas que abriram naquele ano.
SUCESSO
>VÁRIOS FATORES são determinantes para que um negócio tenha sucesso. Entre eles está o planejamento, o gosto do empreendedor por aquilo que faz, a qualidade do produto ou serviço e o atendimento ao cliente tanto no ambiente virtual quanto no físico.
>O EMPREENDEDOR deve assumir seus erros e aprender com eles, além de saber muito bem escolher suas parcerias. Ter persistência e dedicação também são essenciais, além de dedicação para aprender e inovar.
Fonte: Sebrae, pesquisa AT e especialistas consultados