Ludmila Azevedo – A Tribuna – 02/02/21
Já está em vigência o modelo que vai permitir às instituições trocar informações sobre os clientes, o que promete aumentar concorrência.
Já teve início no Brasil a primeira das quatro fases do Open Banking, sistema que vai padronizar o compartilhamento de dados e serviços pelas instituições financeiras participantes. A iniciativa é do Banco Central (BC) e tem o objetivo de estimular a competição no mercado, oferecendo menores taxas, juros mais baixos e melhores condições de crédito, além de permitir que os clientes tenham acesso a cada vez mais serviços pelas plataformas digitais, sem depender de agências.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Open Banking trará mais conveniência para os clientes, além de oportunidades e ofertas de produtos e serviços. “O Open Banking tem um grande potencial para gerar a oferta de novos e inovadores modelos de negócios, e fica a cargo de cada participante decidir quais os produtos e serviços serão ofertados ao cliente que der o consentimento”, explicou Carolina Sansão, gerente de Inovação e Tecnologia da Febraban .
Na segunda fase do sistema, que começa em 15 de julho, as instituições poderão trocar entre si informações de cadastros e transações dos clientes que concordarem com a novidade. “O cliente deverá dar seu consentimento para que seus dados sejam compartilhados na infraestrutura do Open Banking. É ele quem escolhe quando, como e com qual instituição isto irá ocorrer”, afirmou Leandro Vilain, diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban.
Na prática, o sistema será uma única plataforma digital com informações de todos os bancos e instituições participantes, como agências, condições para concessão de crédito, anuidade e taxas de juros, por exemplo. “Os bancos terão o perfil do cliente e farão ofertas personalizadas.
Se encontrar no Open Banking um concorrente com condições melhores, essa pessoa pode negociar com seu gerente”, exemplificou Jorge Eloy, analista do mercado financeiro. “A livre concorrência é muito vantajosa”. “Mais do que nunca, o poder está na mão do cliente”, ressaltou Elseana de Paula, consultora especialista em Direito Digital. “Sã o eles que mandam nos próprios dados e têm a liberdade de buscar a instituição que atender melhor às
suas necessidades”.
COMO VAI FUNCIONAR:
Segunda etapa começa em 15 de julho
O que é Open Banking?
>É UM MODELO de serviço criado pelo Banco Central. O sistema permite o compartilhamento de dados pessoais e bancários de clientes com terceiros, mediante autorização.
>ESSAS INFORMAÇÕES serão usadas para oferecer melhores ofertas de produtos, serviços personalizados e taxas menores. Quem irá participar?
>É OBRIGATÓRIA a participação dos bancos com porte igual ou superior a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), ou que exerçam atividade internacional relevante.
>PARA AS DEMAIS instituições, a participação é facultativa.
PRIMEIRA FASE
>OS PARTICIPANTES deverão divulgar informações como número de agências, endereços, telefones, produtos e serviços oferecidos aos clientes, assim como taxas e tarifas cobradas. Essa fase já está em andamento desde ontem.
>OS DADOS ficarão disponíveis publicamente, e empresas terceiras poderão desenvolver aplicativos que façam comparações entre as instituições participantes.
SEGUNDA FASE
>PODERÃO ser compartilhados dados dos clientes (aqueles que autorizarem), como informações de cadastro, contas e operações de crédito. A partir de 15 de julho, esse consumidor receberá propostas de outras instituições e simulações de empréstimos e financiamentos.
TERCEIRA FASE
>O CLIENTE poderá fazer transferências ou pagamentos fora do aplicativo bancário. Essa fase deve ser iniciada até 30 de agosto.
>PELO PIX, será possível realizar saques na rede varejista.
QUARTA FASE
>COMPARTILHAMENTO de dados de transações feitas pelo consumidor, como operações de câmbio, investimentos e seguros. Será implementada até 15 de dezembro.
Fonte: Banco Central e Febraban