Verônica Aguiar – A Tribuna – 13/12/20
Empreendedoras têm alcançado êxito em atividades como reparos e pinturas de casas e motoristas de aplicativos, entre outras
Entrar em um carro acionado por aplicativo. Abrir a porta de casa para um profissional entrar e fazer reparos na residência. Essas são simples atividades que, para muitas mulheres, se tornam momentos de insegurança, medo e desconfiança. A origem desses sentimentos está no machismo de uma sociedade patriarcal, no assédio, no desrespeito traduzido em violência contra a mulher.
Contudo, esse sentimento passa quando ela entra no carro e se depara com uma mulher dirigindo, ou quando abre a porta de casa e entra outra mulher para fazer os reparos.
E é por isso que muitas mulheres têm alcançado o sucesso com negócios feitos por elas e para elas. A reportagem conversou com algumas empreendedoras que contaram que trazem para os seus negócios aquilo que elas gostariam de receber quando buscam um produto ou serviço. Thie Patrocínio, 31, se tornou “marida de aluguel” e atende exclusivamente mulheres. “A ideia é trabalhar com mulheres de forma que o serviço seja seguro, confortável para elas e de qualidade. É para que elas tenham a certeza de que não vão sofrer assédio ou ouvir comentários desconfortáveis ”, destacou. Durante a pandemia, ela tem sido mais procurada para serviços de reparos, pinturas e instalação de prateleiras, de suporte para TV e questões elétricas.
Já Mariana Tomás de Oliveira, 32, e Lea Moreto, 26, fizeram um curso de pintura especial e papel de parede e resolveram trabalhar com pinturas residenciais e acabaram de entrar no mercado. Embora o atendimento não seja exclusivo para o público feminino, a expectativa é de que elas procurem mais. “Estou recebendo muitas palavras de incentivo. Muitas mulheres apoiam a gente”, contou Lea. “Antes de entrar no mercado, via que as mulheres preferiam que a pintura e alguns ajustes fossem feitos por mulheres por estarem sozinhas em casa”, revelou Mariana. Rafaela Cardoso Chagas , 36 anos, é instrutora de Muay Thai e se formou em educação física para aprimorar seus conhecimentos. Ela explicou que no meio fitness existe muita proximidade e que há casos de professores(as) que misturam as coisas. “Boa parte das mulheres me procuram pela segurança de saber que isso não vai acontecer ”. A educadora Renata Nascimento da Silva, 44, é uma de suas alunas. “Gosto da forma como ela conduz a aula, da metodologia, da didática.
“CRIO O QUE EU GOSTARIA DE USAR”
A empresária e estilista capixaba Patiara Aguiar, 33 anos, criou uma marca de moda praia e casual que vem fazendo sucesso para muito além das fronteiras do Estado. “Trabalho com desejo. Faço o que realmente gosto e crio peças que despertem nas clientes o desejo de usar. Sou mulher e é fácil criar algo que eu gostaria de usar”, contou. Entre as clientes da Borana estão famosas como Marina Ruy Barbosa, Anitta, Giovanna Ewbank, Rafa Kalimann. “Em cada peça tem um detalhe artesanal. A marca já tem seu DNA. E o que me inspira são as minhas clientes, a praia, a natureza”, ressaltou a estilista . Ela revelou que no início do ano que vem a marca vai ganhar uma nova loja em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Atualmente ela tem duas lojas, uma em Vila Velha e outra em Vitória. A fábrica fica em São Mateus. Cliente da marca, Isabela Passamani contou que gosta da autenticidade e inovação. “São peças cada vez mais lindas, criativas, únicas e de qualidade”
OS NÚMEROS
>198 mil pequenos negócios no Estado são comandados por mulheres.
>421.130 é o número total de empresas no Estado atualmente.